Cadibóde – Ficar Doido é Fêi
Escrito por Radio UFSCar em 09/05/2016
A banda brasiliense Cadibóde lançou este ano seu segundo e tão aguardado disco chamado Ficar Doido é Fêi. Acelerado e barulhento como todo bom hardcore deve ser, com um pé no trash e outro no buteco, a banda chega dando bicudo em uma sociedade falsa e dissimulada.
Escalando Bolhão no vocal, Mycuim na bateria, Pidou no baixo, Cacaes e André de Toca nas guitarras, o disco conta com a produção e mixagem do Lampadinha, além das participações de Pedro Maya do Honra e Marquim dos Raimundos.
Para saber um pouco mais sobre esta pérola musical, nós fizemos uma entrevista com a banda para sobre o novo álbum.
Entrevista
Hugo Safatle: Vocês lançaram este ano o segundo trabalho de estúdio Ficar Doido é Fêi. Que diferente do primeiro álbum, autointitulado, possui muito mais identidade, como se a banda tivesse finalmente se encontrado. O que mudou de lá pra cá?
Cadibóde: No primeiro foi um processo, o que a gente era e o que queria ser num CD só. No segundo disco, Ficar Doido é Fêi, a gente conseguiu materializar mais o que a gente queria, representando mais o que o Cadibóde estava atrás.
HS: Como foi gravar o disco em outra cidade e com um grande nome da produção musical como o Lampadinha? Vocês já chegaram com as músicas prontas ou rolou algumas composições dentro do estúdio?
Cadibóde: É sempre bom viajar com a banda e ir gravar em outra cidade, com uma produção massa foi uma experiência muito boa, agregou muita coisa pra banda. A gente chegou com 9 músicas prontas e uma sem voz, lá no estúdio mesmo chegamos a conclusão que ela era muito doida só instrumental.
HS: A letra de “Aparecido Besta Fera”, fala de um serial killer de Goiás, já “Eu Sei Você Vai Querer”, fala de uma viagem de ácido do vocalista da banda, o Bolha. Quem costuma escrever as letras? De onde vocês tiram as inspirações para as canções?
Cadibóde: O baixista Pidou e o vocal Bolhão fazem as letras e eles tiram do nada, de histórias reais misturadas numa só, são muito criativos; a gente queria uma banda que saísse do infinito e da rima bipolar pra uma parada mais fora dos padrões mesmo e eles conseguiram direitinho. O melhor da Cadibóde são as letras com certeza.
HS: No disco vocês têm as participações do Pedro Maya do Honra e do Marquim dos Raimundos, como rolou essa troca?
Cadibóde: O Lampadinha entrou em contato com o Pedro e o Marquim aceitou na boa, falamos com ele e não teve problema.
HS: É bem difícil desvincular o som de vocês como uma referência à banda Raimundos, isso incomoda vocês de alguma forma?
Cadibóde: Não, a gente entende como um elogio, sinal que tamô fazendo um som diferente do que tá rolando por aí.
HS: Brasília é, para muitos, a capital do rock, vocês concordam com isso? O cenário independente tem espaço na cidade?
Cadibóde: Concordo, é tanto vagabundo com uma guitarra e tempo pra fazer banda aqui que acaba saindo umas coisas boas. Brasília vive o independente, como todo Brasil fora do eixo SP-RJ, ninguém tem dinheiro pra balada e o rock nunca esteve tão underground, mas hoje o subterrâneo tá bem mais forte do que já foi. Nego é fodido, mas a qualidade tá no alcance de mó galera. Com pouca grana a galera tá conseguindo fazer um som massa, o que era inimaginável há 10, 20, 30 anos.
HS: Ficar Doido é Fêi é um disco subversivo. Vocês acham que lançar um álbum subversivo como esse, em tempos que todo mundo faz o máximo para ser, ou pelo menos parecer, politicamente correto, é nadar contra a maré?
Cadibóde: Contra a maré total, esse CD é uma crítica à hipocrisia. A gente fez o que quis mesmo, capa, letra, arranjo, música, foi tudo a gente que fez e escolheu. A letra de “Ficar Doido é Fêi” explica bem o que a gente quer com esse CD.
HS: Valeu pela entrevista galera, parabéns pelo novo trabalho. Tem alguma coisa que eu não perguntei que vocês queiram dizer aos nossos leitores?
Cadibóde: Cadibóde faz parte do rock falido, que é a ausência do rock dentro do cenário mainstream, é mostrar qualidade, viajar o Brasil, o mundo e viver que nem classe C. É abandonar tudo, se dedicar 100% a isso e continuar sendo fudido.
Swag é nóis.
***
Quebrando as barreiras do certo e errado, Ficar Doido é Fêi é um disco pra se ouvir inteiro e no talo, perfeito pro mosh e pro bate cabeça, sincero nas ideias e poderoso no som. Um reflexo da vida lascada brasiliense, um golpe contra a hipocrisia e um brinde às amizades.
Hugo Safatle, programador musical na Rádio UFSCar.
A seguir, a lista de faixas que você escuta de segunda a sexta, às 10h. Você também pode ouvir o álbum na íntegra no domingo, às 15h, aqui na 95,3 FM, escute diferente!
Segunda-feira
1-Morro do Napoleão
2-Aparecido Besta Fera
Terça-feira
3-Profeta de São Carlos
4-O Que Foi Parceiro
Quarta-feira
5-Vida Lascada
6-Esquisito Suado
Quinta-feira
7-Dia Verde
8-Carteiro Palestina
Sexta-feira
9-Eu Sei Você Vai Querer
10-Ficar Doido é Fêi